O apoio ao luto é um dos aspectos mais delicados e necessários quando falamos da perda de um ente querido. Esse acolhimento envolve diversos pontos, e deve ser feito com muita cautela, paciência e compreensão, já que diz respeito a lidar com pessoas fragilizadas e com sentimentos disfuncionais devido às emoções.
Neste artigo, falaremos um pouco sobre o luto, as formas de acolhimento, carinho e a dedicação a auxiliar uma ou mais pessoas nessa situação. Confira!
O que é o luto?
Entender de fato o que é o luto é o primeiro passo para descobrir, também, como oferecer apoio nesses casos. Isso porque esse sentimento é amplo e variável, e não é unicamente voltado para quem passou pela perda de alguém.
O luto é, sim relacionado a perdas, mas de modo geral. Trata-se de uma resposta psicológica esperada e natural a esse sentimento de ausência. Pode ser voltado a uma separação, mudança de cidade, emprego, entre outros.
É comum que o luto desestabilize completamente a pessoa, pois nós, seres humanos, não estamos aptos a lidar com perdas de maneira frequente, e elas costumam ser extremamente significativas e particulares para cada um de nós.
Tudo em volta parece fora de lugar, pois não se sabe como viver sem aquela pessoa ou aquilo que acompanhou-nos por tanto tempo. Dessa maneira, é necessário se reerguer e seguir em frente.
Entre os sentimentos mais vistos em enlutados, estão:
- Tristeza
- Culpa
- Ódio
- Raiva
- Fraqueza
- Falta de apetite
- Languidez
- Isolamento
- Solidão
O apoio ao luto é essencial, afinal muitos desses, quando ampliados ou não cuidados, podem evoluir para quadros de depressão, ansiedade e até síndrome do pânico, por exemplo.
Estágios do luto
Existem cinco estágios conhecidos do luto, descritos inicialmente por Elisabeth Kübler-Ross, psiquiatra autora de “On Death and Dying”, de 1969. No livro, ela fala sobre a necessidade de conceber a divisão do luto em estágios para explicar algumas reações emocionais comuns aos enlutados.
É importante levar em conta que isso não é uma regra. Nem todos passarão pelos cinco estágios e eles não se apresentam da mesma maneira em todos os indivíduos. No entanto, tentar reconhecer a fase em que a pessoa se encontra pode ser um bom ponto de partida para o apoio ao luto.
Os estágios são:
1. Negação
A pessoa não consegue lidar com o que aconteceu. Ela nega a realidade e diz pra si mesma que aquilo não ocorreu/não pode ter ocorrido. Para ela, a situação não é uma verdade e ela tende a levar isso para outros, como se houvesse uma espécie de alienação ou loucura coletiva.
2. Raiva
Ao passar pela negação, o enlutado começa a apresentar um estado de raiva, ódio e revolta. Esse sentimento pode ser direcionado para outras pessoas, para a própria pessoa ou situação que foi perdida ou até mesmo para entidades maiores, como deuses.
Essa fase exige certa paciência por parte de quem quer prestar o apoio ao luto, pois é uma situação delicada e desconfortável para todos, com xingamentos e certos desvios da personalidade comum daquela pessoa.
3. Negociação
Após os estouros de raiva, vem um momento em que há uma negociação da pessoa enlutada com ela mesma. Ela tenta começar a viver em paz com sua dor e pode buscar respostas e acordos com o que ela acredita serem poderes superiores a depender de religiões e crenças.
O objetivo aqui é reverter ou minimizar o sentimento ruim da perda.
4. Depressão
Esse momento é o que mais exige atenção. Aqui, a pessoa de fato se dá conta da perda e começa a sofrer efetivamente pela falta e pela saudade. A tristeza e o pesar se instalam com muita força e trazem consigo a sensação de vazio e desespero.
Além disso, podem surgir também os aspectos especificamente clínicos da depressão, que devem ser vistos com cautela e podem exigir o olhar de um psicólogo ou psiquiatra.
5. Aceitação
O enlutado começa, por fim, a aceitar a realidade da perda e procura maneiras de seguir sua vida convivendo com a ausência. A dor não desaparece por completo, e provavelmente nunca irá, mas se torna mais sustentável e suportável.
Como oferecer apoio ao luto de alguém?
Ajudar alguém que está passando por um luto não é algo fácil, mas é possível. O essencial é ter calma, paciência e, principalmente, dedicação e carinho. Com disposição e algumas atitudes simples, há a chance de ser exatamente o que aquela pessoa precisa para lidar com os sentimentos adversos do luto.
Veja abaixo algumas dicas para ofercer apoio ao luto:
Esteja presente sempre que puder
A presença é o que mais importa, até mesmo em fases como a raiva. Não precisa ser física, mas sim afetiva, no sentido de se fazer disponível para auxiliar.
Mostre-se disposto(a) a ouvir tudo o que o enlutado tem a dizer, ouça sobre os sentimentos, as memórias e como aquilo está reverberando dentro da mente e do corpo da pessoa. Não julgue absolutamente nada e tente somente confortar.
Ofereça auxílio nas atividades diárias
Em certos estágios do luto, a pessoa terá dificuldade com tarefas básicas, como cozinhar, se alimentar, cuidar de animais e até mesmo de filhos. Viver nessa desorganização pode ser um grande problema e agravar os aspectos nocivos do luto.
Portanto, se puder, ajude nesses pequenos afazeres do dia a dia. Mantenha o ambiente limpo, forneça alimentos e não deixe que o enlutado adoeça ou simplesmente “deixe de existir”.
Apoio ao luto envolve paciência
No momento do luto a pessoa não terá sua mente no lugar, e isso pode gerar um desequilíbrio na relação entre quem oferece acolhimento e o enlutado. É normal que ocorra, e por isso a paciência e a compreensão são tão importantes.
Evite os clichês e as frases feitas como “fulano está em um lugar melhor agora”, “ainda bem que foi sem sofrer” ou “tudo tem uma razão para ocorrer”. Somente esteja ali e mostre que vê, ouve e entende os sentimentos da pessoa. Diga que está ao lado para ajudar e que sente muito que aquilo esteja acontecendo.
Cuide de você
Oferecer apoio ao luto não é simples e pode afetar, sim, sua mente e seu dia a dia. Portanto, lembre-se de cuidar de você e da sua saúde. Atente-se para sinais de que aquela situação está impactando negativamente em sua vida e tente encontrar um equilíbrio.
Se necessário, afaste-se por um tempo e transfira o peso para outra pessoa disposta a ajudar. Assim, você estará bem para voltar a esse papel posteriormente.
Para mais artigos sobre esse e outros temas, acompanhe o blog do Phoenix Memorial!